terça-feira, 5 de agosto de 2014

Síndrome metabólica

A Síndrome Metabólica (SM) é um problema recente e ainda está sendo estudada. Ela pode ser definida como um grupo de fatores de risco inter-relacionados, de origem metabólica, que diretamente contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV) e/ou diabetes tipo 2. São considerados como fatores de risco metabólicos: hipertensão arterial, níveis altos de colesterol ruim (LDL) e baixos do colesterol bom (HDL), aumento dos níveis de triglicérides, obesidade (especialmente obesidade central). Ainda não se sabem as causas para o desenvolvimento da SM, mas sabe-se que a obesidade abdominal e a resistência à insulina parecem ter um papel fundamental no surgimento dessa síndrome.

Para o tratamento da SM, o recomendado é reduzir o excesso de peso. A perda de peso melhora o perfil lipídico, abaixa a pressão arterial e a glicemia, além de melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de doença aterosclerótica. Este tratamento deve ser baseado em modificações do estilo de vida: aumento da atividade física e modificação da alimentação, evitando uma dieta que contribua para formação de placas de ateroma.


A dieta recomendada para os portadores de SM deve ser composta por carboidratos complexos e integrais (representando entre 45 e 65 % do valor calórico total diário), proteínas (10-35% do valor calórico diário total) e gorduras (20-35% do valor calórico diário total), dando-se preferência às gorduras mono e poliinsaturadas. Além disso, deve haver um controle da ingestão de sódio, que tem significante impacto no controle da pressão arterial.

Em relação aos exercícios físicos, o recomendado é praticar pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica de moderada intensidade, diariamente. Mesmo que o exercício físico não promova uma perda de peso significativa, existem evidências de que haja redução do tecido adiposo visceral. A atividade aeróbica melhora os níveis da glicose, promovendo o transporte de glicose e a ação da insulina na musculatura em exercício. Além disso, melhora o perfil lipídico, aumentando os níveis de HDL e diminuindo os triglicérides.

Referências:
http://drauziovarella.com.br/envelhecimento/sindrome-metabolica/
http://www.portalendocrino.com.br/obesidade_sindrome.shtml
http://press.endocrine.org/doi/abs/10.1210/jc.2006-0594
http://content.onlinejacc.org/article.aspx?articleid=1130314

sábado, 26 de julho de 2014

Uma possível alternativa

Como foi dito nas postagens anteriores, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Além disso, é também um grande produtor e exportador agrícola. Por isso, é importante discutir alternativas aos agrotóxicos. Apresentarei aqui uma alternativa, mas deixo a questão em aberto pois podem existir muitas.

Olivier de Schutter foi relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação entre os anos 2008 e 2014. No seu relatório “A agroecologia e o direito à alimentação”, apresentado em março de 2011, ele afirma que “os pequenos agricultores poderiam duplicar a produção de alimentos em uma década, caso utilizassem métodos produtivos ecológicos” e acrescenta: “faz-se imperioso adotar a agroecologia para colocar fim à crise alimentar e ajudar a enfrentar os desafios relacionados com a pobreza e a mudança climática”.

Segundo Schutter, a agricultura camponesa e ecológica é mais produtiva e eficiente e garante melhor a segurança alimentar das pessoas do que a agricultura industrial:

“A evidência científica demonstra que a agroecologia supera o uso dos fertilizantes químicos no fomento da produção de alimentos, sobretudo nos entornos desfavoráveis onde vivem os mais pobres”. No mesmo relatório, a partir da sistematização de dados de vários estudos de campo, está claro: “Em diversas regiões, desenvolveram-se e foi provado com excelentes resultados técnicas muito variadas, baseadas na perspectiva agroecológica. […] Tais técnicas, que conservam recursos e utilizam poucos insumos externos, tem um potencial comprovado para melhorar significativamente os rendimentos”.

Um dos principais estudos, dirigido por Jules Pretty, e citado neste relatório da ONU, analisava o impacto da agricultura sustentável, ecológica e camponesa em 286 projetos de 57 países pobres, em um total de 37 milhões de hectares (3% da superfície cultivada em países em desenvolvimento), e suas conclusões não deixam dúvidas: a produtividade destas terras, graças à agroecologia, aumentou em 79% e a produção média de alimentos cresceu em 1,7 toneladas anuais (até 73%). Posteriormente, a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) tomaram de novo estes dados para analisar o impacto da agricultura ecológica e camponesa, especificamente nos países africanos. Os resultados ainda foram melhores: o aumento médio das colheitas nos projetos na África foi de 116% e na África Oriental de 128%. Outros estudos científicos, citados no relatório “A agroecologia e o direito à alimentação”, chegavam às mesmas conclusões.

Com base nesses dados, a agroecologia tem um grande potencial como alternativa ao modelo atual de produção agrícola. Isso porque ela é muito mais vantajosa que este por ser sustentável e por proporcionar menos riscos à saúde daqueles que consumirão os alimentos. Podemos também realizar uma mudança de hábitos, que será bastante eficaz em reduzir o consumo e o desperdício de alimentos, mas mantendo as quantidades necessárias para uma vida saudável. Para isso, deve-se diminuir o consumo de alimentos industrializados, que geralmente são bastante calóricos e pouco saudáveis, e substituí-los por alimentos orgânicos. Dessa forma, além de poder alimentar mais pessoas, reduziremos também problemas típicos da má alimentação, como a obesidade e a diabetes, por exemplo.

Referências:
http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20110308_a-hrc-16-49_agroecology_en.pdf

domingo, 20 de julho de 2014

O problema da fome

Nas postagens anteriores, foi possível perceber os diversos problemas decorrentes da progressiva “industrialização” da agricultura. Nesse post, será abordado o problema da fome, bem como a sua relação com a agroindústria.

O principal argumento utilizado pelos defensores da agroindústria é que a demanda é grande e só tende a aumentar, por isso é necessário produzir cada vez mais. De acordo com Jean Ziegler, relator da ONU para o direito à alimentação entre 2000 e 2008, a atual produção mundial de alimentos é suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas. A fome existe porque muitas pessoas não podem pagar o preço cada dia mais caro dos alimentos. Os alimentos se tornaram uma mercadoria e se você não pode pagar por ela, preferem jogar a dar para comer. Isso ocorre porque os principais alimentos do mundo (trigo, arroz e milho, por exemplo) são comercializados como commodities nas bolsas internacionais. O preço desses alimentos agora segue a dinâmica do mercado, que gera lucros altíssimos para empresários do ramo e mata milhares de pessoas por ano.


De acordo com dados da FAO, cerca de 1,3 bilhão de toneladas de comina são perdidas por ano, quantidade suficiente para alimentar 2 bilhões de pessoas. A redução do desperdício para zero já seria suficiente para acabar com a fome mundial, que é de aproximadamente 1 bilhão de pessoas. Além disso, em 2012, os EUA queimaram 138 milhões de toneladas de milho, o equivalente a 15% da safra mundial e 42% da safra americana, além de centenas de toneladas de trigo, para fazer bioetanol e biodiesel. Existe um descaso enorme entre os governos, empresas e organizações, que permite a evolução da fome como problema mundial.

Agora, o mais intrigante é a insistência de que a produção mundial não daria conta da demanda, e que é preciso aumentar a produção. Como explicar então o elevado número de obesos presentes nas diversas camadas sociais? O que há de fato é uma má distribuição, em que sobra para uns e falta para outros. Além do mais, boa parte da capacidade produtiva do planeta é gasta fabricando alimentos altamente calóricos e de baixíssima qualidade nutricional. Ou seja, além do problema da distribuição deficiente, a produção é irracional. Pode-se notar o crescimento de doenças que estão relacionadas ao excesso de peso e a maus hábitos alimentares.

Esse problema alimentar gera prejuízos nos dois lados, sendo muito pior para aqueles que sofrem de fome. Os problemas referentes aos maus hábitos alimentares foram discutidos em postagens anteriores. Os problemas decorrentes da fome foram bem abordados neste blog: http://bioquimicasocial.blogspot.com.br/

Referências:
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/07/13/uma-crianca-que-morre-de-fome-hoje-assassinada-diz-jean-ziegler-503352.asp
http://www.mst.org.br/node/16149
http://www.onu.org.br/desperdicio-global-de-alimentos-gera-prejuizo-de-750-bilhoes-de-dolares-por-ano-calcula-fao/

sábado, 12 de julho de 2014

O problema dos agrotóxicos

O crescimento populacional dos últimos tempos fez necessário um aumento da produção agrícola do mundo. Esse é o principal argumento a favor do uso de agrotóxicos para o controle de pragas.

Um problema comum que decorre do uso desses produtos é a contaminação do solo, rios, lagos e lençóis freáticos. A chuva ou o próprio sistema de irrigação da plantação faz com que o pesticida atinja os corpos de água, contaminando assim os seres vivos das proximidades. Alguns inseticidas, como os organoclorados e organofosforados, são bioacumulativos e permanecem nos corpos de insetos e peixes após a sua morte. Esses animais servem de alimentos para muitos outros, que se intoxicam também.
Inseticidas organoclorados

Estudos indicam que o uso de pesticidas contribui para o empobrecimento do solo. Isso porque eles reduzem a eficiência de fixação de nitrogênio no solo realizado por micro-organismos. Isso faz com que o uso de fertilizantes sintéticos seja necessário, aumentado a receita das empresas que vendem esses pesticidas e fertilizantes. Além disso, através da seleção natural, as pragas mais resistentes são selecionadas, o que garante a necessidade de fabricação e uso de agrotóxicos. Outro problema encontrado foi a diminuição do número de abelhas polinizadoras e a destruição de habitat de pássaros e outros animais.

Os agrotóxicos afetam a saúde humana de três maneiras: durante a sua fabricação, no momento da aplicação e ao consumir um produto contaminado. Os problemas decorrentes do contato são extremamente perigosos, independente da forma de contato. No último caso, apesar dos efeitos não serem sentidos imediatamente, acabam se manifestando a longo prazo e são igualmente devastadores.
Inseticidas organofosforados

Problemas neurológicos, como o Mal de Alzheimer, estão associados à exposição a inseticidas organofosforados, assim como o desenvolvimento de transtorno do deficit de atenção com hiperatividade em crianças. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) considera esse composto como possível carcinogênico. A EPA afirma que o efeito do pesticida depende do princípio ativo nele presente. Os sintomas podem variar, desde irritação da pele, até problemas hormonais e o desenvolvimento de câncer. Um levantamento feito em 2007 associa o desenvolvimento de linfoma não-Hodgkin e leucemia à exposição a agrotóxicos.

Para as grávidas, o risco é dobrado. Pesquisadores apontam para as fortes evidências que ligam o contato com pesticidas a problemas durante a gestação, como a morte de fetos, defeitos de nascença, problemas de desenvolvimento neurológico, diminuição do tempo de gestação e pouco peso do bebê. Estudos estimam que aproximadamente 25 milhões de trabalhadores agrícolas de países pobres sofram com algum tipo de intoxicação causada por exposição a agrotóxicos.

Mesmo que o uso de agrotóxicos possa tornar a agricultura mais barata (ou não), o prejuízo causado com o tratamento de intoxicações e, principalmente, o comprometimento da saúde de muitas pessoas fazem com que o custo-benefício do uso de agrotóxicos seja extremamente baixo, exceto, é claro, para as grandes empresas que os vendem.

Referências:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422007000100028&script=sci_arttext
http://www.pnas.org/content/104/24/10282.abstract
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/6438373.stm
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2875926/
http://www.environmentalairtechs.com/organophosphate-pesticides-linked-to-adhd/
http://www.epa.gov/iris/subst/0327.htm
http://www.epa.gov/pesticides/health/human.htm
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2231435/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2231436/
http://www.degruyter.com/view/j/ijmh.2008.21.issue-2/v10001-008-0014-z/v10001-008-0014-z.xml
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22476135
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2238694

domingo, 6 de julho de 2014

O veneno está na mesa

Esta postagem é um complemento da anterior, pois não se pode falar de transgênicos sem discutir algo sobre agrotóxicos. Em postagens futuras falarei sobre os alimentos orgânicos e o seu papel na agricultura.

O termo agrotóxico abrange uma extensa classe de químicos utilizados na agricultura. A organização Mundial da Saúde (OMS) define pesticide como qualquer substância capaz de combater uma praga, ou, em um sentido mais amplo, possa oferecer riscos ou incômodo às populações e ao ambiente. Os agrotóxicos, os transgênicos e a mecanização da agricultura possibilitaram a Revolução Verde nas décadas de 60 e 70. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo desde 2008. Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxico por ano.
O DDT é um inseticida ilegal que ainda é bastante utilizado no Brasil

Durante o regime militar, no ano de 1975, foi instituído o Plano Nacional de Defensivos Agrícolas, que condicionava a obtenção de crédito rural pelos agricultores ao uso dos produtos químicos nas lavouras. Esse foi um passo importante na implantação dos agroquímicos nas lavouras dos pequenos agricultores. Além disso, o governo federal concede uma redução do ICMS e isenta IPI, PIS/Pasep e Cofins para os agrotóxicos produzidos no Brasil. De acordo com um dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), dos 50 produtos mais utilizados nas lavouras brasileiras, 22 são proibidos na União Europeia, o que faz com que o país seja o maior consumidor de agrotóxicos já banidos em outros locais do mundo.

O efeito do agrotóxico no ambiente é bastante complexo. Quase sempre ele acaba contaminando o solo e as águas, causando impactos maiores do que o necessário para realizar o seu objetivo. Nos humanos, a exposição a longo prazo pode ocasionar cânceres, malformação congênita e distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais. Um estudo realizado em 2011 pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em parceria com a Fiocruz apontou que o leite materno de todas as mães pesquisadas continha pelo menos um tipo de agrotóxico. Ademais, por estar em constante contato com esses químicos, os trabalhadores rurais também são severamente agredidos pelos afeitos nocivos dos agrotóxicos. O número de crianças que nascem com funções comprometidas em famílias rurais é grande, sendo comum o retardo mental.

A realidade da agricultura do Brasil pode parecer promissora, mas se dá às custas da saúde de milhões de pessoas.

Documentário: O Veneno Está na Mesa
https://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg

Referências:
http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/500481-a-politica-agricola-brasileira-e-o-incentivo-aos-agrotoxicos-entrevista-especial-com-flavia-londres
http://xa.yimg.com/kq/groups/21289169/103644508/name/RESUMO+Agrot%C3%B3xicos+em+leite+Lucas+Rio+Verde+UFMT+Dany+e+Pignati+ok.pdf
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252012000400003&script=sci_arttext

sábado, 28 de junho de 2014

Transgênicos, problema ou solução?

O advento da engenharia genética frutificou em diversas áreas do mundo humano. A agricultura sofreu poucas modificações nos milhares de anos da sua existência, mas, depois da “revolução verde” que ocorreu nas últimas décadas, ela sofreu modificações profundas em diversos níveis.

Com o surgimento dos transgênicos e dos organismos geneticamente modificados (OGM), grande parte do sistema de produção de alimentos, em escala global, passou a depender da indústria do agronegócio. A principal delas é a Monsanto, multinacional norte-americana que ficou conhecida por produzir o DDT, o agente laranja e o PCB (conhecido no Brasil como Ascarel). A Monsanto vende o herbicida chamado Roundup, não seletivo, ou seja, mata qualquer planta. Ela produz também a soja Roundup Ready, que é resistente ao herbicida citado acima. Esses dois produtos renderam muitos lucos nos anos 90 e tornaram a Monsanto líder mundial do mercado da agrotecnologia.
Glifosato, principal componente do Roundup

O principal problema com as sementes transgênicas, no que diz respeito à alimentação, é que estas recebem doses muito maiores de químicos, quando comparados às naturais. Além disso, os efeitos dos alimentos geneticamente modificados no corpo humano ainda não foram esclarecidos.

Em novembro de 2009, O The Organic & Non-GMO Report entrevistou o agro-ecologista Don Lotter, PhD, sobre seu trabalho, “The Genetic Engineering of Food and the Failure of Science”, publicada na edição de 2009 do Internacional Journal of Sociology of Agriculture and Food. Ele declarou:

“O gene promotor usado em cultivos geneticamente modificados, o vírus mosaico da couve-flor, é um promotor forte de troca de genes entre espécies. Os cientistas pensavam que iria ser desnaturado em nosso sistema digestivo, mas não é. Demonstrou-se que promove a transferência de transgenes a partir de alimentos geneticamente modificados para as bactérias dentro do nosso sistema digestivo, as quais são responsáveis por 80% da função do sistema imunitário.” (tradução nossa).

Um estudo publicado na revista “Food and Chemical Toxicology” revelou que ratos alimentados com milho transgênicos morrem mais rápido, pois apresentam chances duas ou três vezes mais altas de desenvolver câncer.

Mesmo que ainda não se possa afirmar certamente que os efeitos dos alimentos transgênicos no organismo, a sua adoção em massa, sem levar em conta seus possíveis efeitos prejudiciais à saúde, é, no mínimo, irresponsável.

Documentário: Sementes da liberdade


Documentário: O mundo segundo a Monsanto
http://www.youtube.com/watch?v=gE_yIfkR88M

Referências:
http://www.youtube.com/watch?v=dqn42lfhkms
http://naturalsociety.com/true-gmo-science-dangers-media-ignores/
http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-09-19/estudo-revela-toxicidade-alarmante-dos-transgenicos-para-os-ratos.html

domingo, 15 de junho de 2014

Obesidade e pobreza

A obesidade e a pobreza não estão relacionadas de maneira paradoxal, pelo contrário, a pobreza pode ser tomada como um dos determinantes da obesidade neste século.

O corpo em nossa sociedade adquiriu diversos significados, pois é associado a saúde, beleza e status. Nas classes mais abastadas, é muito importante a manutenção do corpo em um estado considerado mais próximo dos ideais estabelecidos pela mídia. Nas classes mais baixas, porém, o corpo é visto de uma forma mais utilitária, pois está associado, frequentemente, ao trabalho que exercem.

Podemos verificar uma preocupação crescente com a estética do corpo à medida que subimos na hierarquia social, dado que existe um gasto maior de recursos para manter-se em forma. Além disso, é esperado que nessas classes haja um nível educacional e intelectual mais elevado, o que contribui para uma visão mais abrangente sobre o corpo.

No entanto, para criar a devida associação entre obesidade e pobreza, devemos nos ater aos aspectos que caracterizam a obesidade e que estão relacionados ao estilo de vida das classes mais baixas. Isso significar falar de como os hábitos alimentares influenciam o peso de alguém.

Ocorreram mudanças drásticas na alimentação nas últimas décadas. Os alimentos industrializados agora dominam o mercado e possibilitaram uma mudança de hábitos não muito saudável. Isso porque existem atualmente alimentos muito calóricos, geralmente ricos em carboidratos e lipídios, mas deficientes em outros nutrientes. Além disso, os mais pobres muitas vezes não têm condições de praticar atividades físicas regularmente, seja por dificuldades financeiras ou por falta de tempo.

Dietas ricas em carboidratos ainda estão sendo melhor avaliadas, mas alguns estudos sugerem que esse tipo de dieta em indivíduos sedentários acarreta menor nível de HDL e aumenta o de triglicerídeos, o que facilita o aparecimento de doenças cardiovasculares.

Para combater a obesidade, é preciso entender suas novas características. As políticas públicas de saúde devem levar em conta os que os aspectos socioeconômicos são determinantes da obesidade. Então será possível reduzir o número de obesos no país melhorando também a condição daqueles que se encontram em classes mais baixas.

Referências:
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-311X2005000600027&lng=en&nrm=iso&tlng=pt